Kléber Lucas acusa clássico hino da Harpa Cristã de racismo

Mais uma vez, o cantor gospel Kleber Lucas causa polêmica nas redes sociais. Desta vez, ele sugere que um dos mais famosos hinos da Harpa Cristã, ‘Alvo mais que a neve’, teria teor racista em sua mensagem. Para o artista, inclusive, as igrejas não deveriam mais cantar a música.

Música tem ‘discurso de dominação’, diz Kléber Lucas

Ao participar do podcast do canal Mídia Ninja, no YouTube, ele explicou que a canção é, na verdade, racista.

“Tenho um hino que fala o seguinte: ‘alvo mais que a neve’. Se você aceitar a Jesus, vai ficar branco como a neve. Isso é cantado por brancos e negros com lágrimas porque tem uma melodia lindíssima, no final da Santa Ceia”, disse o cantor. Ele ironizou o fato de ser um hino justamente usado principalmente na celebração da Ceia de Jesus.

“O discurso nefasto, às vezes, de dominação, está embalado. Tem uma entrega muito boa. Uma melodia linda, uma memória familiar, comunitária. Todo mundo cantando de olhos fechados, ajoelhados ou um coro”, acrescenta.

Anteriormente, Kléber também chegou a criticar a forma como a figura de Jesus foi tratada de forma branca, por influência da cultura europeia.

Na sequência, o cantor chegou a dizer, que o hino não deveria ser mais usado nas igrejas evangélicas do Brasil.

“Por que a igreja evangélica brasileira, de maioria negra, continua cantando ‘alvo mais que a neve’? Ela tem uma memória afetiva, de pertencimento”, questionou. “Então, vamos cantar que o sangue de Jesus, que é rubro, me torna branco. É isso que acontece no Cristianismo”, ressalta.

Kléber fala em ‘Teologia Preta’

Além disso, Kléber Lucas entende que as igrejas brasileiras precisam trocar a linha de interpretação vigente.

“A mensagem que chegou ao Brasil na segunda metade do século XX e que perdura em muitos púlpitos dominicais é uma mensagem branca, de embranquecimento, mas há uma resistência que cresce bem no Brasil, forte”, afirma. “Porque o sangue de Jesus me torna branco. As ideias de embranquecimento estão no hino. Então, há um distanciamento e caminho a ser percorrido. A ‘teologia preta’ está chegando ao Brasil agora”, completa.

A seguir, veja o vídeo:

Alguém avisa pro Kleber Lucas q este trecho foi retirado de uma passagem bíblica, por favor?!

Ele distorceu a passagem q diz: “Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo q a neve.”
– Sl 51:7

Não dou nem 1 ano pra ele chamar o nosso Deus de racista. pic.twitter.com/Uy75j22iB1

— Juliana Ayres ن ❣ (@julianaayres) December 14, 2022

No episódio em questão do podcast, também participaram o cantor gospel Leonardo Gonçalves e o cantor Caetano Veloso, com quem Kléber Lucas lançou a releitura de ‘Deus Cuida de Mim‘.

Hino é racista?

Composta por Eden Reeder Latta, ainda no século XIX, a canção, no entanto, tem como inspiração um texto bíblico:

“Purifica-me com hissopo, e ficarei puro; lava-me, e mais branco do que a neve serei.” (Salmos 51:7)

Esse, aliás, é o argumento que os internautas têm usado para rebater a fala de Kléber Lucas. Assim, para eles, houve um erro de interpretação por parte do cantor.

Sobre o racismo

Em conclusão, confira um vídeo do reverendo Hernandes Dias Lopes, da Igreja Presbiteriana de Pinheiros (SP), sobre o tema.