A parceria entre cantores seculares e gospel não é bem-vinda por parte dos evangélicos, tanto é que o lançamento de Caetano Veloso com Kleber Lucas reacendeu essa discussão.
O cantor baiano não é cristão, já chegou a se identificar como ateu e “antirreligioso”. Além disso, ele tem fortes ligações com religiões de matrizes africanas.
Sua decisão de gravar uma música religiosa pegou muitos de surpresa, ainda mais pela letra da canção que foi escolhida, “Deus cuida de mim”, um dos maiores sucessos do cantor Kleber Lucas.
“Ateu do candomblé (quem é da Bahia sabe muito bem que a família toda é adepta do candomblé) cantando ‘Deus cuida de mim'”, disse um internauta ao criticar a parceria.
Kleber Lucas também foi alvo de julgamentos. “Um ateu e um desviado, que dupla!!!”, disse um internauta.
Outro foi ainda mais severo: “Kleber Lucas foi conservador até enriquecer. Agora como não “precisa” mais da igreja cospe no prato que comeu. Lamentável”.
Cantor secular pode fazer lançamento gospel?
No ano passado a questão de fazer parceria com cantores seculares causou uma grande confusão no meio gospel.
O cantor gospel Fernandinho criticava a série de parcerias que estavam sendo feitas com cantores não cristãos.
Para ele, este tipo de parceria é juntar “a luz com as trevas” o “joio com trigo”.
“Até quando suportaremos esse evangelho que inclui sem mudança de mente, sem confissão e consciência de pecado? Como eu posso andar, caminhar e até mesmo cantar com inimigos de Deus?”, questionou Fernandinho nas redes sociais.
“Jesus amava as pessoas e ia até elas, mas não era covarde, nem usava dois pesos e duas medidas. Essa geração atual quer estar com os Nicodemos, com as prostitutas e sodomitas, mas não causam confronto com o seu testemunho”, completou.
Música gospel x secular
Essa é uma das polêmicas frequentes no mundo gospel. Além da polêmica desse lançamento, outro tema que ainda hoje traz muitos comentários é sobre o cristão ouvir ou não músicas seculares.
O pastor Claudio Duarte tem um vídeo onde ele explica se o cristão pode ou não ouvir canções não religiosas.
1 comentário
A mim, pouco importa o pensamento ultraconservador, permeado de teorias de intolerância religiosa e de mente tacanha que esse falsos evangélicos moralistas ditam como se somente a religião deles fosse a certa e a única que nos leva a Deus.
Eu, realmente, enquanto fã de Caetano e admirador de sua inteligência fico triste em saber que um encontro “ecumênico”, de uma gravação gospel em tempos tão difíceis para nosso povo, abala nossas causas, lutas e resistência do nosso povo de àşę.
Sim, porque não somente a Bahia, mas todo o Brasil sabe – dito à exaustão pela própria Betânia em documentários e entrevistas – que ele é um Omo Òrìşà de Òşóòsí, inclusive sendo o Dofono do Barco junto com ela, no Àşę Gantois, na época da saudosa Mãe Menininha.
Aí, mesmo respeitando o fato de ele ser autodeclarar antireligioso, ele, enquanto um ícone e formador de opinião, enfraquece sim nossa crença, nossa fé e nossas raízes. Sim, porque querendo ou não, é a raiz dele.
O debate subjaz ao fato de ele ter gravado com o referido cantor gospel ou não, muito pelo contrário, vai muito além, de uma maneira bem mais profunda do que realmente significa esse encontro e gravação. É como, se tivessem, grosso modo, extirpado uma de nossas vozes das mais importantes para a luta e resistência de nosso povo de matriz africana.
Enfim, que o bom Deus Olodùmarè e todo o Sagrado nos inspire, nos fortaleça, aumente nosso engajamento e renove cada vez mais nossa fé em nossa ancestrlaidade.
Àwúre e Àşę a todos!
🙏🏼🙌🏼