Uma pesquisa realizada no Canadá mostra que a fé ainda é importante para jovens, contrariando a crença popular que diz que as gerações mais novas estão abandonando a religião.
Os dados são da nova pesquisa de Sarah Wilkins-Laflamme intitulada “Religião, Espiritualidade e Secularidade entre os Millennials: A Geração Moldando as Tendências Americanas e Canadenses”.
Os resultados mostram que 24% dos millennials canadenses – pessoas nascidas entre 1981 e 1996 – dizem ser religiosos. São pessoas com maior probabilidade de serem afiliadas religiosamente, frequentarem serviços religiosos, orarem e acreditarem em Deus de acordo com os ensinamentos de sua religião.
Leia também: Saber dizer não é importante para a educação, diz pedagoga
Uma possível razão para isso é porque muitos são de famílias de imigrantes, onde a religião ainda é muito valorizada. “Este grupo de canadenses é o mais diverso religiosamente de todos os tempos”, disse a professora Laflamme, da Universidade de Waterloo.
Outros 20% dos millennials declaram na pesquisa são “buscadores espirituais”. Essas são pessoas que “têm um pé nos dois mundos”, como explica a pesquisadora.
Ou seja, esse grupo tanto pode participar dos cultos ocasionalmente e acreditar em Deus à sua maneira; como podem participar de atividades espirituais como ioga, meditação, atenção plena e estar ao ar livre na natureza.
Veja mais: Vitória de conservadores marca eleições no Brasil
Um terceiro grupo é o que ela chama de “crentes culturais”. São pessoas que se identificam com uma religião – que dizem ser católicas, judias, muçulmanas, hindus ou parte de outro grupo, se solicitado – mas não estão envolvidas nela. Cerca de 20% dos millennials canadenses se encaixam nessa categoria.
Ainda assim, o maior grupo são os millennials não religiosos, com 36%. São pessoas que não se identificam com nenhuma religião e não participam de atividades religiosas.
Não religiosos e a influência dos pais na fé
O grupo de não religiosos pode ter recebido essa influência dos pais, segundo a pesquisadora canadense.
“Se os pais não são religiosos, as crianças tendem a não ser religiosas também”, disse ela, acrescentando que “uma vez que os hábitos são formados, como não ir aos cultos, eles são difíceis de quebrar”.
Mas também há aqueles que foram ensinados, mas resolveram desistir da fé. “Alguns millennials cresceram em lares religiosos, mas decidiram não fazê-lo à medida que envelheciam, disse a professora.
Para alguns, a desconfiança na religião organizada é resultado de escândalos de abuso sexual e histórico escolar residencial. Alguns não conseguem conciliar a ciência com a fé em que foram criados.
Veja ainda: Posição política tem pesado na hora de escolher com quem se casar
Outros acham difícil encaixar serviços religiosos e observâncias em suas vidas ocupadas se estiverem indo para a escola e trabalhando em dois empregos.
Para eles, “não há muito tempo para outras coisas, como ir aos cultos”, disse Wilkins-Laflamme, segundo informações de The Free Press.
Ao todo, as tendências apontam em uma direção: menos envolvimento com a religião organizada.
“Cada vez mais canadenses estão se afastando da religião”, disse ela, acrescentando que isso inclui os millennials. “A inclinação está para baixo, mas essa não é toda a história.”